“Cultura é igual a feijão com arroz. É necessidade básica.” Toda vez que lembro dessa frase do Gilberto Gil, tenho orgulho de ser uma parlamentar que defende a cultura.

A cultura, enquanto ativo estratégico, pode se tornar uma política pública capaz de gerar riqueza, reduzir desigualdades e transformar realidades com arte, cidadania e afeto. Fortalecer a cultura é fortalecer as cidades!

Porque quando a cultura é pensada como política pública de forma estrutural e não como evento isolado, ela movimenta a economia, gera trabalho, renda e dignidade. 

Essa ideia de que a cultura é o principal ativo que temos no Brasil precisa ser afirmada com toda força. Porque é ela que revela nossa pluralidade, forma nossos afetos e constrói pertencimento. Cultura é direito, é identidade, é força vital de um país como o nosso, diverso, plural, multifacetado.

Um dos maiores marcos da política cultural brasileira foi a criação do Sistema Nacional de Cultura, durante os governos do PT. Inspirado no SUS, ele garantiu conferências, planos, conselhos e parcerias entre União, Estados e Municípios. Essa estrutura só foi possível porque, em 1988, a Constituição reconheceu os direitos culturais como parte dos direitos humanos, algo que não é luxo nem ório, mas parte essencial da vida. Essa consolidação institucional veio através de muita organização e enfrentamento da sociedade civil organizada.

Não por acaso, somos um país forjado na luta. O Brasil nasceu sob o horror da escravidão e foi o último país das Américas a libertar pessoas escravizadas. E nunca fez a reparação histórica devida. Por séculos, saberes africanos, indígenas e populares foram silenciados. Mas foi justamente da resistência desses povos que nasceu o caldeirão cultural que nos forma: da congada ao jongo, do maracatu ao samba, da literatura ao carnaval, da dança ao cinema. 

E é essa cultura viva que também movimenta a economia, para dar um exemplo da potência desse ativo, em 2025, o Carnaval brasileiro reuniu mais de 50 milhões de foliões e movimentou mais de 12 bilhões de reais em todo o país. Isso é cultura como motor de desenvolvimento. É a costureira dos figurinos, o ambulante da pipoca, o motorista de aplicativo, o técnico de som, a rede inteira que gira. Cultura é geração de renda, redução de desigualdade, inclusão.

E os números confirmam o que já sentimos na pele e no coração: investir em cultura é investir no desenvolvimento econômico e social do país. Um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) demonstrou que, no estado do Rio de Janeiro, cada R$ 1 investido pela Lei Paulo Gustavo resultou em um retorno de R$ 6,51 para a economia fluminense. Esse investimento gerou mais de 11 mil empregos e arrecadou R$ 132 milhões em tributos, quase igualando o valor inicial aplicado de R$ 139 milhões. Esses dados reforçam que a cultura é um motor potente para a geração de renda, emprego e dignidade.

Em Contagem, essa visão se traduz em ações concretas. A prefeita Marília Campos tem conduzido um trabalho comprometido, junto ao secretário de cultura José Ramoniele e uma equipe técnica dedicada. Tenho orgulho de ter proposto a Lei Cultura Viva, de fortalecer o fundo municipal de cultura, os editais permanentes e as diversas ações que a prefeita Marília Campos organiza ao longo do ano. A reforma do Cine Teatro é símbolo da recuperação da nossa história e do direito à cidade.

Neste ano a Prefeitura lançou cinco editais do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura para 2025, que estará recebendo inscrições até o dia 16 de junho, de projetos que abrangem diversas linguagens artísticas, ações de valorização do patrimônio e iniciativas culturais voltadas às periferias e comunidades tradicionais da cidade. Essa ação reforça nosso compromisso de democratizar recursos e fomentar a cultura em todos os cantos de Contagem.

E nada me convenceu mais de que estamos no caminho certo do que ver o público no show da Alcione no Espaço Popular, em um espetáculo especial para o Dia das Mães: mulheres negras de todas as idades, no centro da cidade, chorando, cantando, se reconhecendo. Isso é potência. Isso é pertencimento. Isso é Brasil.

Desde meu primeiro dia como vereadora já venho trabalhando pela cultura, mas agora, na sexta‑feira, 30 de maio de 2025, assumi com entusiasmo a relatoria da Comissão de Cultura da Câmara Municipal de Contagem. Seguirei dedicada a defender a cultura como a principal riqueza do nosso país. Mais do que explorar recursos minerais ou energéticos, nosso futuro depende do fortalecimento desse ativo insubstituível e inesgotável, capaz de gerar emprego, renda e desenvolvimento social. Essa missão exige todo o nosso compromisso para valorizar e aprimorar as políticas culturais. Porque cultura é política pública. É democracia. É vida! E é vida, além do trabalho. 

Moara Saboia é vereadora pelo PT em Contagem e dirigente nacional do Partido.