Como está o futebol feminino no mundo?
Você sabe quando foi a primeira partida e futebol feminino? E quais países tem campeonatos, times organizados, estrutura, salários? Conheça mais da história do futebol feminino e sua organização pelo mundo.
Por Laiz Marques | Copa FemiNINJA

Foto: Divulgação
Neste ano, no dia 7 de junho, em Paris, o futebol feminino dará mais um o na luta pelo seu reconhecimento. A Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019 terá uma importância enorme para uma maior visibilidade da modalidade. Repleto de primeiras vezes, para diferentes nações, esse mundial será histórico.
É importante lembrar que a importância das mulheres para o desenvolvimento e evolução do futebol vem de muito antes.
Os primeiros indícios datam do período da Dinastia Han (206 a.C. – 220 d.C.) onde as mulheres jogavam uma variação de um antigo jogo chamado de TSU Chu.
Há outros relatos que indicam que, na França e na Escócia em torno do século XV, já era normal ver as mulheres realizando alguns jogos e atividades com bola.
De acordo com informações da FIFA, a primeira partida oficial entre mulheres aconteceu em Londres – Inglaterra no dia 23 de março de 1885. O evento causou tumulto e protestos, mas começou a contribuir por igualdade de direito entre homens e mulheres.
O futebol feminino possui uma realidade completamente diferente do futebol masculino em diversos aspectos. Essas disparidades estão presentes desde as condições de treinamento e estrutura, até aos salários e patrocínios.
No Brasil por exemplo, o futebol feminino ainda precisa de mais visibilidade na mídia, incentivos, patrocínios e de apoios.
Fatores de caráter cultural e político, nos ajudam a entender essa situação.
Segundo relatos do livro “Futebol, Carnaval e Capoeira – Entre as gingas do corpo brasileiro”, de Heloísa Bruhns, no fim do século XIX os homens da elite brasileira começaram a jogar futebol, porém as mulheres que o praticavam pertenciam às classes menos favorecidas; e por isso eram vistas como grosseiras, pois as mulheres da elite frequentavam os jogos apenas para torcer.
A primeira partida de futebol feminino no Brasil data de 1921, em um jogo realizado entre senhoras dos bairros Tremembé e Cantareira, localizados na zona norte da cidade de São Paulo.
Além do mais, a prática do futebol pelas mulheres foi proibida durante 42 anos.
No dia 14 de abril de 1941, por meio do Decreto-Lei 3199, imposto durante o governo de Getúlio Vargas, as mulheres estavam proibidas de praticar qualquer esporte que fosse “contra a sua natureza”. Alegando preservar o corpo feminino, pois através desses esportes de impacto, a mulher corria o risco de ficar infértil. O decreto foi revogado apenas em 1979.
Porém, a regulamentação da categoria feminina de futebol só foi realizada quatro anos depois. Ao invés de trazer condições melhores às mulheres, as regras ainda reforçavam a ideia da mulher como sexo frágil. A bola utilizada nos jogos seria mais leve, e as partidas teriam duração de 60 minutos ao invés de 90 minutos. Já a seleção brasileira de futebol feminino foi montada em 1988, 70 anos após a criação da seleção masculina.
A CBF fez a primeira edição do Campeonato Brasileiro Feminino em 2013, contando com 20 equipes.Em 2017 a confederação alterou a formato da competição. Dividiu em Série A1 com 16 equipes e outras 16 equipes na Série A2, fazendo o o e rebaixamento entre as duas divisões.
A edição de 2019 será a maior de todas, contando com 16 equipes na Série A1, com clubes como Flamengo, Corinthians e Santos. Já a Série A2 terá 32 equipes, com times com Palmeiras, Vasco e Cruzeiro.
Uma importante decisão da Conmebol (entidade que comanda o futebol da América do Sul) determina que todos os clubes classificados à Copa Libertadores masculina a partir de 2019, precisarão apresentar uma equipe de futebol feminino; caso contrário serão eliminadas da competição.
O ano de 2019 trará outro avanço na popularização e divulgação do futebol feminino no Brasil. A Band, canal de TV aberta, irá transmitir o Campeonato Brasileiro feminino de 2019. E durante a Copa do Mundo de 2019 será a primeira vez que a maior emissora de canal aberto do país, a Rede Globo, transmitirá as partidas da Seleção Feminina. Assim como será também a primeira vez que as atletas jogarão com um uniforme desenvolvido especialmente para elas.
Pelo mundo
Já nos Estados Unidos o futebol feminino é mais desenvolvido e popular do que o futebol masculino, que começou a ter mais destaque nos últimos anos.
As americanas iniciam os treinos durante a infância, por volta dos 9 anos de idade. Vale destacar que a estrutura e e oferecidos às equipes na NWSL são excelentes.
A NWSL começa em abril e termina em setembro. E apenas 10 times participam do campeonato, eles estão: Boston Breakers, Chicago Red Stars, FC Kansas City, Houston Dash, North Carolina Courage, Orlando Pride, Portland Thorns, Seattle Reign, Sky Blue e Washington Spirit. No torneio não existe o sistema de rebaixamento ou o.
Falando de um pais próximo aos Estados Unidos, essa Copa do Mundo de 2019 terá um gostinho especial para a Seleção Feminina da Jamaica, as “Reggae Girlz”, como são conhecidas, que disputarão pela primeira vez o Mundial. Será o primeiro país caribenho a disputar essa competição.
O feito só se tornou possível graças a ajuda de Cedella Marley, a filha do Bob Marley, por meio do patrocínio da Fundação Bob Marley.
Já na Europa o futebol feminino vêm se fortalecendo e ganhando destaque em diferentes países. Os jogos de futebol feminino têm sido um grande atrativo na Europa, obtendo recordes de público em diferentes países.
Durante o jogo do Campeonato Italiano desse ano, o jogo entre as equipes do Juventus x Fiorentina, no dia 24 de março de 2019, alcançou um publico de 39 mil pessoas (o estádio a 41.507 pessoas).
Na França, pela 20ª rodada do Campeonato Francês 25.907 torcedores foram ao estádio Groupama, para conferir a goleada de 5×0 do Lyon sobre o Paris Saint-Germain.
Mas o maior público foi registrado na Espanha, no jogo entre o Atlético de Madri e o Barcelona no estádio Wanda Metropolitanos (com capacidade para 67.829 pessoas), que reuniu 60.739 pessoas no público.
Ainda no cenário europeu do futebol feminino, a França, país que sediará a Copa do Mundo de 2019 entre 7 de junho e 7 de julho, possui o time mais badalado do mundo, o Lyon e sua OL Academy, grande referência do futebol feminino na França e atual campeãoo da Champions League feminina. O clube se tornou uma potência na ultima década, conquistando 6 titulos da Champions League Feminina, o ultimo título veio em maio desse ano contra o Barcelona. A maior estrela do time e atual Bola de Ouro, a Norueguesa Ada Hegerberg marcou um hat-trick, garantindo a taça ao time francês numa vitoria por 4×1.
O Lyon reafirma a qualidade de seu trabalho entre as mulheres, e o investimento do clube é inegável.
O número de clubes ses que apresentam uma equipe feminina dobrou nos últimos sete anos, o número atual está em torno de 3 mil equipes. Contudo, segundo análise da Federação sa de Futebol, ainda há margem para melhora, principalmente nas categorias de base, que apresentam atrasos quando comparadas a das equipes de futebol masculino.
A Noruega também apresenta uma estrutura adequada para as jogadoras, os times oferecem excelentes locais de treinamento, bons salários e a torcida realmente valoriza o futebol feminino. A Toppserien é a primeira divisão do futebol feminino norueguês e é composto por 12 times. O campeonato possui 22 rodadas e vai de abril até outubro.
Mudando de continente, temos na Coréia do Sul a WK League, onde somente 8 times participam. Times como: Incheon Hyundai Steel Red Angels, Icheon Daekyo, Gyeongju WFC, Seul, Boeun Sangmu, Suwon Facilities Management Corporation, Hwacheon Korea Sports Promotion Foundation e Gumi Sportstoto. Como o WK League é a única liga do país, não existe o sistema de rebaixamento ou o. No país o futebol feminino é bastante valorizado. Os clubes apresentam excelentes estruturas, treinos disciplinados e bons salários.
Uma curiosidade recente é a criação do primeiro time de futebol feminino do Vaticano. A equipe é formada em sua maioria por atletas amadoras que trabalham na sede da igreja Católica. As jogadoras do Vaticano realizaram seu primeiro jogo dia 26 de maio contra a equipe de Roma.
Notamos que investimentos e apoio são fundamentais para o desenvolvimento do futebol feminino no mundo. A estrutura oferecida para a prática do esporte em países da América do Norte, Ásia e Europa, estão à frente das encontradas na América do Sul.
No Museu do Futebol em São Paulo, vai rolar o até o dia 20 de outubro a mostra Contra Ataque, que relata com detalhes a história das minas no futebol. A exposição pretende vislumbrar um olhar para o futuro da modalidade, além de fazer o público valorizar a história.
Seguimos resistindo, na luta pela mudança de antigos padrões e preconceitos. Empoderando as meninas na prática do esporte e afirmando que o lugar das mulheres é onde elas quiserem.